19 de abril de 2024 - 22:51

Polícia

23/11/2018 11:39

Ex-secretário se emociona e admite culpa por crimes: “minha família também sofre”

O ex-secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Pedro Nadaf, se emocionou ao relatar as dificuldades que ele e sua família vêm enfrentando desde que foi preso na deflagração da operação “Sodoma”, em setembro de 2015. Em conversa com jornalistas nesta quinta-feira (21), Nadaf ponderou que o Ministério Público, ou o Poder Judiciário, não podem ser responsabilizados pela exposição que sua família vem sofrendo, e que o culpado deste constrangimento público é ele mesmo.

“O preço é muito alto, até porque a família também paga. Estou pagando um preço muito alto”, disse o ex-chefe da Casa Civil.

 
 

As declarações foram dadas antes do depoimento de Nadaf, em Cuiabá, no âmbito da 5ª fase da operação “Sodoma”, que apura o pagamento de propina de R$ 3,5 milhões de um empresário do ramo de combustíveis - Juliano Cezar Volpato, proprietário da Marmeleiro Auto Posto -, a membros da cúpula da gestão do ex-governador Silval Barbosa. O objetivo era manter contratos da organização com o Poder Executivo Estadual.

Além do pagamento de propina da Marmeleiro, a 5ª fase da Sodoma também apura o desvio de recursos por práticas fraudulentas no sistema de controle de combustíveis do Estado, gerido pela empresa Saga Comércio Serviço Tecnológico. Os desvios, segundo as apurações, somaram R$ 5,1 milhões.

Pedro Nadaf se queixou ainda de que vem sendo exposto “há três anos” e que também perdeu parte de seu patrimônio. Após ser preso, em 17 de setembro de 2015, o ex-secretário foi solto quase um ano depois, no dia 5 de setembro de 2016, após “alterar” a estratégia de defesa e começar a “confessar” seus crimes e devolver os valores dos quais se beneficiou. "Entreguei vários bens, inclusive alguns imóveis que eram de herança que havia recebido", contou.

Além de admitir que vem pagando “um alto preço”, Nadaf também confessou que não “recomenda” a mesma situação da qual está sendo exposto a “ninguém”.

Após seu depoimento à 7ª Vara Criminal, Nadaf voltou a falar com os jornalistas e reforçou seu arrependimento, citando que paga um alto preço por suas escolhas do passado, e que está tentando se reerguer. “Estou muito arrependido de tudo o que eu fiz. Estou tentando recompor minha vida trabalhando, levantando a cabeça e tentando ir para frente. Estou trabalhando em empresas, prestando consultorias de gestão de empresas.

Questionado sobre de que se arrepende, o ex-Casa Civil foi mais longe e não citou apenas as práticas ilícitas, mas também sua decisão de compor a equipe de confiança do ex-governador Silval Barbosa. “[Se pudesse voltar no tempo] eu não iria para o Governo, porque uma coisa foi consequência de outra. Eu não deveria ter ido porque eu tinha uma outra vida e aí acabei estragando a minha vida”, encerrou.

AUDIÊNCIA FECHADA

O ex-secretário não comentou sobre o teor de seu depoimento, já que a audiência foi realizada “a portas fechadas”. “Nada a declarar, não posso falar”.

Diferente da ex-titular da 7ª Vara Criminal, juíza aposentada e senadora eleita Selma Arruda (PSL), o juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues não é muito afeito aos holofotes e, como de costume, não permitiu a presença da imprensa durante os depoimentos colhidos nesta quinta-feira.

O entendimento é que a presença de repórteres e a publicidade dos fatos em tempo real possam atrapalhar o andamento do processo.

SODOMA 5

A quinta fase da operação “Sodoma” investiga fraudes à licitação por uma suposta organização criminosa em contratos celebrados entre as empresas Marmeleiro Auto Posto LTDA e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática LTDA, entre os anos de 2011 a 2014, com o Governo do Estado de Mato Grosso.

Segundo investigações da Defaz-MT ambas as empresas foram utilizadas pela organização criminosa para desvios de recursos públicos e recebimento de vantagens indevidas. Duas importantes pastas estariam por trás das fraudes: a antiga Secretaria de Estado de Administração (SAD, atual Seges) e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana (Septu, atual Sinfra).

As duas empresas, juntas, receberam aproximadamente R$ 300 milhões em contratos com o Governo do Estado entre os anos 2011 a 2014 em licitações supostamente fraudadas. Com o dinheiro desviado, efetuaram pagamento de propinas em benefício da organização criminosa no montante estimado em mais de R$ 8 milhões.

Na deflagração da operação foram cumpridos mandados de prisão contra o ex-governador Silval Barbosa, seu ex-chefe de gabinete, Sílvio Correia, o ex-adjunto de Administração, José Nunes Cordeiro, o ex-secretário de Administração, Francisco Faiad e o ex-adjunto de Infraestrutura, Valdísio Viriato.


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