A ossatura do rinoceronte, de Divanize Carbonieri por Gilda Portella
A Editora Patuá e o Patuscada - Livraria, bar & café convidam a todos para o lançamento do livro "A ossatura do rinoceronte", poemas de Divanize Carbonieri. O lançamento do livro será realizado durante a Festa de aniversário de 9 anos da Editora Patuá.
O evento será realizado no dia 15 de fevereiro (sábado) a partir das 19h no Patuscada - Livraria, Bar e Café - Rua Luís Murat, 40 - Vila Madalena - São Paulo - SP
A entrada para o evento é gratuita e o exemplar estará à venda por R$ 40,00 (pagamentos em dinheiro e cartões de débito e crédito).
Leitoras e leitores de qualquer cidade do país que realizarem a compra antes do lançamento receberão o exemplar autografado após o evento. Imperdível!
Link para compra: https://www.editorapatua.com.br/produto/112588/a-ossatura-do-rinoceronte-de-divanize-carbonieri
Data: Sábado, 15 de fevereiro de 2020 às 19:00 – 22:00
Local: Patuscada - Livraria, bar & café Rua Luís Murat, 40, 05436-050 São Paulo
Divanize Carbonieri é doutora em letras pela USP e professora de literaturas de língua inglesa na UFMT. É autora dos livros de poesia Entraves (2017), agraciado com o Prêmio Mato Grosso de Literatura, e Grande depósito de bugigangas (2018), selecionado pelo Edital de Fomento à Cultura de Cuiabá/2017, além da coletânea de contos Passagem estreita (no prelo), selecionada pelo Edital Fundo 2019/Cuiabá 300 anos. Foi segunda colocada na categoria conto na edição de 2019 e finalista na categoria poesia nas edições de 2018 e 2019 do Prêmio Off Flip. É uma das editoras da revista literária digital Ruído Manifesto e integra o coletivo Maria Taquara, ligado ao Mulherio das Letras - MT. Site: https://www.divanizecarbonieri.com.br.
Conheça 5 poemas do livro A ossatura do rinoceronte, de Divanize Carbonieri:
LINHAGEM
que faziam nossas bisavós com as ideias
que lhes surgiam e da sua ânsia por ciência
as bisavós tinham doze quatorze filhos
e muita faina para fazer utensílios
não conheciam preguiça nem escapadas
muitas delas estavam mesmo escravizadas
sem ter poder de decisão sobre os seus dias
o que foi feito do trabalho daquelas tias
custa se desprender da própria linhagem
mas seccionar os laços é o que tanto urge
nossas avós estão em silêncio neste instante
mal esperando o desfecho que darão as andantes
***
AMARGURA
a despeito do esforço empreendido
para saturar de silêncio todas as fendas
as farpas impediram o pleno desenlace
friccionaram as palavras a ponto
de implodi-las como feixes de dinamite
miríades de fragmentos emplastraram o ar
que se impregnou imediatamente de amargura
tudo o que é pronunciado permanece
à deriva entre os seus enunciadores
preenchendo a espessura dos afetos
alguns ficam adelgaçados até esgarçarem
outros de tão rotundos rompem em pó
***
ENTULHO
a força não é mais tanta quanto se precisa
se agiganta o atravancado e aterrissa
na percepção de mais um dia começado
a covardia diante do dever imposto
pelo ditame de instâncias superiores
nem desejo nem ambições maiores
o insano correr das horas para quem tem
funções desafiadoras e não mantém
uma vontade alta para executar as ações
e deseja só adormecer sob as intenções
mas falta muito pouco desta vida agora
para se livrar do entulho que a devora
***
REMÉDIO
o remédio não minora mais a moléstia
persiste a última drágea sem serventia
males maiores sempre serão descobertos
sem que haja tempo para novos acertos
a doença ainda redime muito excesso
a inércia e a dormência causam também o abscesso
vermes comem a adiposidade nociva
acompanhada da massa benigna e viva
a membrana leitosa tampará a visão
logo a persistência trará mais privação
o vate que tem sentidos iluminados
vai olvidar versos e embaçar significados
***
CARNE
um da matilha se afasta enquanto palmilha
o rastro da presa que é pega de surpresa
todo o bando passa o dia se empanturrando
ex-canibais preferem entre os animais
o macaco amarelo pois tem paralelo
com outro humano que foi monge franciscano
o gato doméstico fica quase estático
enquanto espreita a rolinha que se deleita
com as migalhas esquecidas entre as palhas
comendo a carne se contamina bem o cerne
a sina inexorável de comer cadáver
triste companhia num antro de agonia